ANGELO LANTE PIGEAD
terça-feira, 3 de julho de 2012
Contexto Histórico da EAD e a suas fases
Contexto histórico
No contexto histórico a EAD apresentou diferentes
fases ou gerações.
Diversos autores sugerem três outros quatro períodos
como marcos referenciais para o avanço da EAD, considerando a utilização da
tecnologia no processo de mediação pedagógica.
Ropoli et al (2002) dividem a EAD em três fases ou
gerações:
- A primeira fase da EAD é vista como a geração textual (1890 a 1960), que caracterizou-se pelo estudo por correspondência. Vale destacar que nessa geração a interatividade era escassa ou não existia entre as partes, pois, era baseada numa atitude isolada de auto-aprendizagem apenas com o uso do material impresso. Geralmente estava orientada em um guia de estudos com exercícios escritos e tarefa a serem realizadas e enviadas pelos correios. Nesta geração, a EAD tratava fundamentalmente de atingir uma parcela da população que não tinha outra possibilidade de acesso à educação (por razões geográficas,por falta de escolas próximas, entre outros).
- A segunda geração, conhecida como geração analógica (1960 a 1980) teve início com o surgimento das Universidades Abertas; a primeira no Reino Unido em 1969. Essa geração fundamentava-se em oferecer uma segunda oportunidade de formação a uma grande parcela da população adulta, que não teve acesso à educação quando em idade escolar. A grande contribuição dessa fase da EAD é que o foco não era apenas o material impresso, mas no trabalho de forma sistêmica, uma vez que combinava-se encontros presenciais, sessões periódicas de tutor transmissão de material gravado através de rádio e de televisão, assim como envio de videotapes. Além desses pontos, esta geração estava respaldada por uma instituição pública que expedia a titulação oficial. A utilização desse material pelas Universidades Abertas, propiciou uma transição para uma nova fase na qual, em conjunto com os materiais dos cursos transmitidos por TV ou enviados por formatos de videotapes, acrescentou-se a interação por meio de telefone, satélite, cabo.
- A partir da década de 1990 surge a terceira geração de cursos a distância, agora baseados no uso do computador e da Internet que possibilita a comunicação de forma síncrona ou assíncrona (chats, fóruns, listas de discussão e outros). Os trabalhos desenvolvidos nessa geração, de certa forma, permitem a universalização do aprendizado devido ao advento dos avanços tecnológicos. Vale ressaltar, que estes avanços tecnológicos viabilizam um tipo de interação social entre alunos e professores que supera a “distância social” bem como a “distância geográfica” e o "tempo".
- Atualmente, já entra em discussão uma quarta geração de EAD,caracterizada pelo uso de banda larga que possibilita estabelecer e manter interação dos participantes de uma comunidade de aprendizagem com maior qualidade e rapidez.
(Este texto foi extraído do Site: Universidade
Federal da Bahia <http://www.moodle.ufba.br/>.
Curso: Curso Moodle para professores - 2007)
Curso: Curso Moodle para professores - 2007)
segunda-feira, 2 de julho de 2012
Tecnologias intelectuais
Tecnologias intelectuais (ou inteligentes) referem-se a qualquer tecnologia, dentre os quais os suportes materiais de comunicação e informação atuais e,dentre estes o computador,que,numa abordagem cultural,interferem na organização e instituição histórico-social da ECOLOGIA COGNITIVA do ser humano.Isto porque os dispositivos tecnológicos são elementos são também elementos instituíntes e instituidores da/pela cognição humana,compreendida a partir de uma relação complexa entre indivíduos-sociedade-coisas-instituições. De acordo com Lévy, “não há mais sujeito ou substância pensante, nem “material”, nem “espiritual”; e o pensamento se dá em uma rede na quais neurônios, módulos cognitivos, humanos, instituições de ensino, línguas, sistemas de escrita, livros e computadores se interconectam, transformam e traduzem as representações”. (LÉVY: 1998, p.135).
Adaptado
de:
LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva:
por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo, SP: Loyola, 1998.
._____.
As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da
informática. Rio de Janeiro, RJ: Ed. 34, 1998.
Tecnologias proposicionais
Tecnologia Proposicional é um sinônimo de
tecnologia intelectual, cujo emprego é mais restrito ao computador por sua
característica proposicional, oriunda de sua base matemática. O
computador tem uma estrutura lógico-operacional, o que explicita sua natureza
proposicional ou abstrata. É necessário tirar todas as conseqüências da
compreensão da estrutura lógico-operacional a fim de transpô-la para a Educação,
em especial a EaD. São estas estruturas lógico–operacionais que fazem com que ,assim como a escrita, a informática deva ser
analisada como tecnologia intelectual e como tecnologia proposicional. Os
microprocessadores são objetos, coisas fabricadas, com um peso, um preço, um
aspecto visível. Os computadores são máquinas que podem ser transportadas,
modificadas, programadas, destruídas. A informática expõe suas ferramentas:
seres materiais, estruturas lógicas ou linguagens formais, pacientemente construídos,
potencializados por estruturas
lógico-operacionais que permitem acontecerem como Máquinas Inteligentes
interconectadas aos seres humanos.
Adaptado de:
LIMA
JR, Arnaud S. de. Tecnologização do currículo escolar: um possível significado
proposicional e hipertextual do currículo contemporâneo. Tese (Doutorado em
Educação). Faculdade de Educação, UFBA, Salvador, 2003.
___________________
. “ TECNOLOGIAS INTELECTUAIS E EDUCAÇÃO: explicitando o princípio proposicional
/ hipertextual como metáfora para
educação e o currículo”, artigo disponível em: http:// www.comunidadesvirtuais.pro.br/gptec/arquivos/a_arnaud1.pdf
( acesso
em 03/03/12).
A EAD no contexto atual
No contexto das discussões em torno da Educação a
Distância a questão da comunicação e da interação é entendida como aspecto
fundamental para o sucesso dessa modalidade de educação.
Nessa perspectiva, surgem os ambientes virtuais de aprendizagens, com recursos
que potencializam a interatividade nos processos educativos. Vale ressaltar que
a utilização dos ambientes virtuais de aprendizagem por si só não garantem uma
modificação da lógica da "transferência de conhecimento", é
necessário que a proposta pedagógica definida para uso destes ambientes supere
esta lógica da transmissão-recepção; já que estes espaços possuem como
característica própria à interatividade, a possibilidade de interconexão entre
sujeitos das diversas parte do globo, a troca de informações e a construção de
trabalhos coletivos; eles fazem parte de um mundo sem fronteiras, com muitas
possibilidades abertas a serem exploradas.
No contexto atual da EAD algumas mudanças são
evidentes, porém, são mudanças que vão desde a troca do suporte midiático (da
apostila impressa para um site na internet até propostas inovadoras que
potencializam as possibilidades do ciberespaço, com a idéia de uma educação para
liberdade. Nesse sentido a EAD possui algumas especificidades, e, portanto,
necessita estar fundamentada em propostas que potencializem a interação, a
colaboração e a cooperação dos alunos entre si, não apenas com acesso a
informações e conteúdos, mas, sobretudo, com trocas, discussões,
compartilhamento de experiências fazendo parte do processo de aprendizagem.
Nesse sentido, abordaremos as características de
alguns modelos perceptíveis na educação a distância, fundamentando-nos pela
categorização dos modelos trazidos por Ropoli et al (2002)
- O modelo instrucional - apresenta como base a transmissão de informação e conteúdo, prevê pouca participação do professor ou tutor e não utiliza estratégias colaborativas no processo de aprendizagem. Na realidade este modelo caracteriza-se por ser auto-explicativo, acompanhado de textos escritos de forma dialógica, testes online, com interface bem elaborada e com elementos gráficos. Apresenta como característica própria não explorar a utilização de espaços colaborativos para troca de informações e experiência. Os conteúdos são transmitidos para um aluno passivo, que não tem a possibilidade de questionar ou interferir na informação recebida. Em outras palavras, podemos dizer que neste prevalece a educação bancária, centrada no conteúdo, sem uma proposta de interatividade ou colaboração.
- O
modelo interativo - apresenta como característica
principal uma forte participação do professor ou tutor, e a presença de
atividades planejadas de forma a acompanhar o desempenho dos alunos. A
intervenção do professor surge como forma de auxiliar o aprendizado e,
nesse contexto, existe muita discussão e participação dos alunos. O
conteúdo pode trabalhar os principais conceitos, abordando-os de forma
simples e objetiva, de modo a explorar questões que incentivem a interação
de todos. Além disso, existe a possibilidade de explorar materiais
complementares, instigando a iniciativa dos alunos de buscar novas
informações, e, até mesmo, trazendo questões para colocar aos colegas do
grupo. Nesse sentido, os conteúdos apresentados têm o objetivo de
“envolver e são desenvolvidos no decorrer do curso, a partir de opiniões e
reflexões dos participantes e com as idéias formuladas nas áreas de
discussão” (Okada, 2003, p. 275). Para a dinâmica deste modelo torna-se
fundamental formar turmas (grupos) de modo que esses grupos possam
interagir. Além disso, é necessário prever uma estrutura para atendimento
e acompanhamento dos alunos no processo de ensino-aprendizagem, com
estratégia que promova a discussão e a participação.
Vale ressaltar que, no que diz respeito à preparação dos conteúdos a serem trabalhados, a tarefa enfrentada pela equipe de educadores na modalidade a distância não é tão distinta daquela enfrentada pelos educadores que trabalham na modalidade presencial. Segundo Mercer e Estepa (2001, p.23), em ambas as equipes de docentes, existe a necessidade de preparar um curso que desenvolva temas relevantes para uma determinada disciplina, implementar propostas pedagógicas adequadas a cada contexto e necessidades dos estudantes e conceber propostas de avaliação e desempenho destes.
- O
modelo colaborativo prevê atividades colaborativas como
estratégias de aprendizagem. O professor é um auxiliador do processo de
interação entre as comunidades que se formam no processo educativo. Nesse
sentido, destacamos o papel do professor como “orientador e desafiador”,
numa perspectiva em que, este deixa de ser apenas um provedor de
informações e passa a ser um gerenciador de entendimento. Segundo Ramos
(2005) ao citar Andrade e Beiller (1999), o papel do professor é motivar o
grupo e monitorar a participação dos alunos, considerando os objetivos e
interesses coletivos.
Quanto ao conteúdo a ser trabalhado nesse modelo, o destaque está associado a propostas de desafios, que venham incentivar a discussão e a produção do conhecimento no grupo de estudo. Vale ressaltar que para promover a colaboração torna-se necessário prever a formação de turmas de modo que os alunos possam interagir, visando trocas de informações, experiências e expectativas, propondo soluções e aprimorando o conhecimento.
Nas experiências que visam à construção colaborativa, cada sujeito passa a participar efetivamente da produção de conhecimento, saindo da condição de receptor passivo, e passando a valorizar seus conhecimentos e experiência de vida. Nessa perspectiva emerge uma educação para a cidadania, com sujeitos que constroem, modificam, buscam a sua cidadania, são co-autores em seu processo de aprendizagem.
Este último modelo é
mais condizente com a perspectiva da EAD no contexto da cibercultura, onde
emergem possibilidades de comunicação multilateral todos-todos; de uma educação
hipertextual e não-linear, em que cada sujeito tem a possibilidade de fazer
suas escolhas e construir os caminhos mais adequados à sua formação; de uma
educação que promova a multivocalidade, em que cada voz pode ser a sua própria
ou a do outro e não mais apenas daquele que detêm o poder; com possibilidade de
autoria, de abertura de conteúdos, de acesso como liberdade.
A educação online e Novas Educações
Ao falar em educação online entendemos
que com o advento das tecnologias, esta apresenta-se no contexto da EAD como
uma oportunidade de atingir um público maior e diferenciado. Nesse sentido,
faz-se necessário pensar em educação a distância, de forma a associar a uma
concepção metodológica pautada na interação e na construção do conhecimento de
forma colaborativa,enfatizando que o aprendente é o centro do processo.
Com o uso intensivo das tecnologias da informação e
comunicação ampliou-se a ação da EAD, de modo a intensificar o processo de
ensino-aprendizagem, assim como ficou mais evidente a necessidade de maior
autonomia e autoria por parte dos sujeitos envolvidos, por meio da interlocução
entre os sujeitos, o ambiente e as tecnologias. Assim, trazemos para esse
contexto a questão da interatividade com os ambientes virtuais de aprendizagem
potencializando atividades com práticas colaborativas, com espaços de escritas
hipertextuais e que tem marcado de forma significativa a educação online.
Segundo Lévy (1994), a interatividade pode ser
compreendida como a possibilidade dos sujeitos participarem ativamente,
interferindo no processo com ações, reações, intervindo, tornando-se receptor e
emissor de mensagens que ganham plasticidade, permitindo a transformação
imediata. Em outras palavras podemos dizer que a interatividade cria novos
caminhos, novas trilhas, novaspossibilidades, fazendo valer as escolhas dos
sujeitos.
Além disso, podemos destacar também os conceitos
relacionados à educação online, no sentido de superar a lógica do uso das TIC
apenas como instrumento e/ou ferramentas, e sim, que possam ser entendidas como
fundamento, integrando o contexto de ensino-aprendizagem. Numa perspectiva de
que não basta introduzir nesse contexto a presença das TIC ou mesmo todos os
recursos midiáticos para se alcançar uma “nova educação”. Segundo Pretto (1996,
p.112) “é necessário repensá-la em outros termos. (...) uma vez que essa
presença, por si só, não garante essa nova educação”.Podemos pensar, portanto, em "novas
educações", onde torna-se necessário "retomar a discussão sobre o
que se entende como sendo usos dessas tecnologias e quais as possibilidades
para a educação, seja ela presencial ou a distância" (Bonilla e Assis,
2005). Além disso, essas mesmas autoras complementam afirmando que ao pensar em
"novas educações", significa pensar em ampliar a participação na
produção e circulação de conhecimento. Sendo assim, torna-se fundamental buscar
as possibilidades e potencialidades do uso dessas tecnologias, como “elementos
carregados de conteúdos, como representantes de uma nova forma de pensar e
sentir”(Pretto, 1996, p.115).
Essa educação está fundamentada numa perspectiva de
aprendizagem na dimensão de Redes, que acontece de forma paralela, integrante
e integrada com o conjunto das atividades. Possibilitando a multiplicidade de
troca, o acesso a conteúdos em diversos formatos, com o prolongamento do tempo
de discussões, e, sobretudo, estreitando a fronteira entre o
virtual/presencial. De modo que as TIC possam estruturar ambientes colaborativos
de aprendizagem e não apenas ser tomadas como meras fontes de consumo de
informação.
Em suma, podemos dizer que esse processo
desencadeia alguns "nós"previamente delineados, com novas e
constantes possibilidades. Que nesse caminho, o fundamental é poder estabelecer
conexões e construir coletivamente. Vale destacar, que essa concepção não se
resume em mais um novo modelo pedagógico, pois, se pensarmos dessa forma,
estaríamos limitando tais possibilidades e sujeitando os aprendentes ao lugar
de receptores.
(Este texto foi extraído do Site: Universidade
Federal da Bahia <http://www.moodle.ufba.br/>. Curso: Curso Moodle
para professores - 2007)
segunda-feira, 18 de junho de 2012
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